A Fundação Cultura Barra Mansa encerrou com chave de ouro a Semana da Consciência Negra, realizada em alusão ao dia 20 de novembro. A agenda especial mobilizou artistas, coletivos, comunidade escolar e moradores em uma série de atividades voltadas à valorização da cultura afro-brasileira, ao reconhecimento da ancestralidade e ao fortalecimento das políticas de igualdade racial no município.
A programação teve início no dia 15, com o 1° Encontro dos Povos de Terreiro de Barra Mansa, um momento histórico de união, fé e respeito entre as diversas tradições religiosas de matriz africana, marcando de forma simbólica e potente a abertura oficial da semana.
No dia 17, o calendário seguiu com o pré-lançamento do livro “Vozes que Ecoam a Alma”, obra que reúne relatos e histórias reais voltadas à cura interior, à fé e ao fortalecimento da autoestima, especialmente do público negro. Já no dia 18, a Caravana Cultural levou intervenções artísticas para diferentes pontos da cidade, aproximando a população das manifestações culturais e promovendo diálogo sobre diversidade, respeito e combate ao racismo.
Na noite do dia 19, foi realizada a terceira edição do Cine Afro, consolidado como um espaço de exibição, reflexão e valorização do cinema negro produzido em Barra Mansa e no Brasil. A Semana da Consciência Negra foi finalizada nesta quinta-feira, dia 20, com a Feira Afro no Corredor Cultural, que reuniu artesanato, gastronomia, moda e música, além de atividades como Desfile Afro, Roda de Capoeira, Contação de História, Espaço Kids, Maracatu, Feijoada, Samba e Jongo, transformando o espaço em um grande palco de celebração da cultura afro-brasileira.
O presidente da Fundação Cultura Barra Mansa destacou a importância da programação para o município e reforçou o compromisso da instituição com políticas culturais de valorização da população negra.
“A Semana da Consciência Negra em Barra Mansa não é apenas uma data no calendário, é um compromisso permanente com a memória, a dignidade e o protagonismo do nosso povo negro. Nesta semana, ocupamos a cidade com literatura, cinema, música, moda, debates e tantas outras expressões que mostram a potência da cultura afro-brasileira. Nosso papel, enquanto Fundação, é garantir que essas vozes sejam ouvidas, respeitadas e ampliadas, fortalecendo políticas públicas que promovam igualdade racial e acesso à cultura para todos”, ressaltou.
III Cine Afro celebra cinema negro, memória e resistência
O III Cine Afro, realizado na noite de quarta-feira, dia 19, no Clube Municipal de Barra Mansa, foi um dos pontos altos da Semana da Consciência Negra. A mostra apresentou trabalhos audiovisuais realizados por artistas negros do município, em uma verdadeira celebração do cinema negro, da arte e da resistência.
O gerente de Políticas de Igualdade Racial, Tom Teixeira, ressaltou a importância simbólica do local que recebeu a programação. Ele lembrou que todas as edições do Cine Afro foram realizadas no Clube Municipal, um prédio emblemático da cidade, construído por negros escravizados e que, por muitos anos, não pôde receber a presença de pessoas negras como frequentadoras.
“É muito significativo estarmos aqui, na terceira edição do Cine Afro, ocupando um espaço que historicamente excluiu a população negra. Hoje, esse mesmo lugar se transforma em palco para a ‘Mostra Poderes em Cena – Retratos da Liberdade’, com exibições que exaltam histórias, vozes e olhares potentes. Cada filme, cada cena, é uma afirmação da nossa existência, da nossa memória e da nossa luta por direitos”, destacou Tom.
A programação do Cine Afro contou com o lançamento do filme “Abjurante”, dirigido pelo próprio Tom Teixeira, e do clipe musical “Desenho”, do músico Bravo. Também foram exibidos os curtas-metragens “Lily’s Hair”, de Raphael Gustavo da Silva; “Eu queria ser bailarina”, de Isabel Seixas e Leo de Souza Santos; e “Eu Lírico”, de Pedro Paredes.
Segundo Tom Teixeira, toda a curadoria foi pensada para dialogar diretamente com o movimento negro, abordando temas como identidade, liberdade, ancestralidade e representatividade, além de contar com intensa participação de moradores de Barra Mansa, seja na produção, seja na plateia.
“A programação foi construída com e para a população negra de Barra Mansa. Ver o envolvimento dos barramansenses em todas as etapas – da produção à discussão após as exibições – mostra que estamos no caminho certo, fortalecendo um cinema que fala de nós, por nós e para nós”, concluiu.